Entre um número possivelmente crescente de concepções para a origem da vida, pode-se acreditar em um ponto de vista para o qual o mundo inteiro seja regido por diferentes leis físicas e o surgimento da vida seja apenas uma das reações possíveis da contingencia na aplicação de tais leis ao longo do universo.
Desta forma a teoria para a origem da vida não carrega mais um dogma em si própria, sendo a vida apenas a decorrência natural de regras aplicáveis a todo o universo.
Uma forma abstrata pela qual é possível compreender esta geração espontânea da vida é em analogia com o Game of Life, um autômato celular desenvolvido pelo matemático John Conway em 1970.
Em um plano com um número finito de células cinzas, o jogador escolhe quais células deseja que iniciem da cor amarela; onde o tamanho do plano esta em analogia com a dimensão do universo e as células amarelas com a matéria que reagirá nele.
Através de regras matemáticas que estariam em analogia com as leis da natureza, o estado inicial do universo determinará o seguinte e assim sucessivamente, onde o jogador não terá mais um papel ativo, apenas o de espectador da evolução do universo ao qual determinou as condições iniciais.
Figura 2: Segundo estágio
Figura 3: Terceiro estágio
Sem dúvida é uma analogia forçada com a vida, mas a forma com a qual todas as células vizinhas imediatas se modificam para todas as células amarelas da Figura 1 para a Figura 2 e a forma que os quadrados amarelos circulados em vermelho na Figura 3 se mantiveram iguais aos seus modelos na Figura 2 enquanto todo o resto se modifica mostra claramente a capacidade que estes quadrados, por pura contingência das regras em relação a seu formato, adquiriram a capacidade de replicar a si próprios.
Tomando o Game of Life como uma abstração para o processo de origem da vida, podemos traçar uma relação de probabilidade muito clara entre a capacidade que algumas figuras adquirem de replicar a si próprias com o surgimento espontâneo da vida.
Esta abstração não especifica qual foram as reações químicas e físicas envolvidas no processo, mas cumpre satisfatoriamente o seu papel como conceito pelo qual a geração espontânea da vida pode tornar-se inteligível.
Referências:
HAWKING, Stephen; MLODINOW, Leonard: The Grand Design. EUA: Bantam Books, 2010.
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